- O problema educação e cultura. Como você resolveria? – Antonio Abujamra pergunta ao jornalista e humorista Marcelo Tas , durante o seu programa “Provocações” da rede Cultura.
- Uma única coisa Abujamra. – Responde pausadamente o jornalista entrevistado daquele dia e contínua: “...eu esvaziaria todas as escolas e implantaria redes de alta velocidade, de computadores, e largaria lá...com as portas todas abertas..deixaria aquilo ser reocupado da maneira que as pessoas quisessem. Deixem as pessoas ocuparem as escolas, morarem, usarem aquilo lá, se comunicarem...porque...uma sala de aula hoje é igual a quando você estava no primário!”.
Atualmente a idéia da formação de redes de comunicação vem ocupando vários espaços na sociedade, desde as grandes empresas, através da globalização, ao acesso a internet, onde da sua humilde casa pode te levar a um emaranhado social e tecnológico de interação e comunicação a nível mundial. Tudo está interligado. E de acordo com as palavras do jornalista Marcelo Tas, a escola precisa entrar neste mundo, pois o formato do modelo escolar é exatamente o mesmo a séculos, e evoluir tanto no aspecto social-tecnológico como nas formas de ensino e aprendizagem.
O ensino baseado em compartimentos, baseado no modelo da sociedade grega onde o ensino era passado por disciplina, já não faz tanto sentido como há tempos atrás. O mundo clama por pessoas que consigam interpretar e interagir com a grande quantidade de informações que nos são apresentadas diariamente. E para isso os alunos precisam saber “ler o mundo”, e para fazer essa “leitura de mundo” precisam dominar habilidades e competências de todos os tipos (imagens, sons, sensações, conceitos, conteúdos transversais, redes)... “tudo ao mesmo tempo agora” , parafraseando a música “Uma coisa de cada vez” da banda Titãs.
Instrução e formação devem ser as bases do processo de ensino e aprendizagem num mundo pluricultural e dinâmico. A aprendizagem, nos dias de hoje, flui mais facilmente de forma contextualizada com o mundo do aluno, através de seus aspectos culturais, ele associa e interage com os conteúdos apresentados a ele. A quantidade de informação que recebe, necessita fazer sentido quando lhe á aplicado através de um conteúdo. As disciplinas apresentadas de forma compartimentada, tornam-se distante do seu mundo aplicada de forma isolada e única. E ao receber tais informações, o aluno por si só, exige uma maneira de visualizar tal conteúdo de forma transversal. Associando “feixes externos”, como denomina Machado. N.J. em sua obra – Epstemologia e didática: as concepções do conhecimento e inteligência e a prática docente - construindo uma rede de significados em sua mente . E isso se dá através de ligações que podem ser denominada de “hipertextos”, uma rede de associações que atribuem significados a um conhecimento proposto, que segundo Lèvy , em sua obra – As tecnologias da inteligência, podem ser palavras, páginas, imagens, sons e gráficos.
O ensino em forma de redes não vem a desconsiderar o paradigma simplificado da forma de aprendizagem de forma compartimentada, conforme a imagem de Gallo, apresentada acima, mas reestruturar em uma forma mais complexa de ensino, onde através dos conteúdos apresentados de tais formas, segundo Morin, que denomina esse processo como o “paradigma da complexidade”, é....” coordenar, em uma mesma perspectiva, os aspectos parciais e de totalidade de uma mesma realidade”. Utilizar formas tansversais e interdisciplinares, “linkando” e contextualizando o conteúdo, fragmentado até então, na busca de um sentido mais amplo à realidade do aluno. Aluno que necessita entender o mundo de forma generalizada e particular, concomitantemente, ao seu redor, interpretando e interagindo conceitos e instruções adquiridos em um ambiente escolar não dissociado do mundo contemporâneo. Essas transformações para serem efetuadas, precisam serem compartilhada, através de uma rede, entre todos os envolvidos no processo escolar: gestores, professores e alunos.
Escrito por Maykon de Souza
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